Slow travel: saiba tudo sobre a nova tendência de viagem

Vinicius de Araujo
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Em um mundo acelerado, em que a pressa domina o dia a dia, surge uma tendência de viagem que propõe exatamente o oposto: a slow travel. O movimento convida os viajantes a desacelerar, mergulhar na cultura local e aproveitar cada momento da jornada – e parece estar redefinindo o que significa viajar, uma questão de qualidade sobre quantidade. Em vez da corrida para visitar inúmeros pontos turísticos em poucos dias, mais e mais turistas optam por estadias mais longas, permitindo-se uma imersão na vida e na cultura dos destinos. “Desde 2022, as viagens estão muito aquecidas. A sensação é que, depois da pandemia, há um sentimento de ‘a vida é curta para ficar em casa’, as pessoas têm medo do que pode acontecer...”, observa Neilla Vicentini, diretora operacional da Conceito Viagens.

As vantagens dessa modalidade são inúmeras: além de reduzir o estresse da correria, essa maneira de viajar fomenta um turismo sustentável, encoraja práticas responsáveis e minimiza o impacto ambiental. “As pessoas saíram da pandemia valorizando mais as viagens como um luxo do que nunca. À medida que as gerações mais jovens passam para posições de maior riqueza e poder de compra, também reconsideram os seus padrões de consumo, como fizeram com fast-fashion e fast-food, e aplicam os mesmos ajustes às suas escolhas de viagem”, observa Bronson Soares, CEO da Luxe Latam, uma consultoria de relações públicas especializada em turismo de luxo. Ele comenta que a slow travel nem sempre está relacionada à duração da viagem. Ela pode ser curta, mas, durante ela, o viajante realmente se desconecta e faz um esforço concentrado para desacelerar, priorizando qualidade a quantidade.

Foto: Unsplash

Interagindo de forma mais intensa com as comunidades, os turistas também contribuem para a economia local, apoiando negócios menores e a cultura regional. Adotar o slow travel implica uma mudança de perspectiva: ver as viagens não como uma série de metas a serem alcançadas, mas como oportunidades de conexões verdadeiras com lugares e pessoas. Isso pode envolver a escolha de destinos menos populares, optar por modos de transporte mais lentos ou até mesmo reservar tempo sem atividades planejadas, permitindo descobertas espontâneas, estando aberto ao inesperado. “Atualmente, desenhamos viagens, por exemplo, de 15 dias pela Itália ou viagens de 15 dias em Londres, Amsterdã e Paris, cinco dias em cada cidade. Clientes de luxo passam dez dias em uma região, mudando duas vezes de cidade”, diz Neilla.

Cada vez mais esse formato de explorar o mundo se consolida como uma tendência no universo do turismo, atraindo aqueles que procuram mais do que férias, mas uma experiência transformadora. “Observamos uma maior demanda por conforto, serviço, guias, conveniências. Os clientes querem tempo para bons restaurantes, passeios, caminhadas. Muitas pessoas preferem acordar e decidir o que fazer no dia. Ficar mais tempo em uma só cidade de fato propicia a conexão com a cultura e o lifestyle local. Mas ainda é mais forte a vontade de explorar e conhecer lugares, tipo: ‘Estou na Costa Amalfitana [Itália], vamos colocar mais cinco dias e fazer Puglia’.”

Foto: Pexels

Esse movimento pode refletir um desejo coletivo de viver de forma mais presente, consciente do impacto no nosso planeta e engajado com diversas culturas. Soares avalia que essa maneira de viajar permite ainda que o corpo do turista se ajuste às diferenças horárias e alivie o estresse, além de maior compreensão das nuances culturais, criação de memórias e experiências com entes queridos durante momentos de qualidade real. O slow travel não é apenas uma forma de viajar; é um convite a uma jornada de vida mais reflexiva. Pessoas ao redor de todo o mundo optaram por viver de uma nova maneira, menos acelerada, com menos aglomeração e valo- rizando mais o momento. O estilo de viagem voltado a relaxamento e autoconhecimento é tendência e pode, inclusive, auxiliar na saúde mental – o tal turismo do sono.

Foto: Pexels

Menos turismo é mais!

Na paralela, alguns locais vêm pondo o turismo em excesso em xeque. É o caso do Japão, que registra mais de 3 milhões de chegadas internacionais, um recorde mensal. Em Quioto, a antiga capital real do país, os visitantes estão se espalhando por lugares antes não conhecidos, como pequenas cidades próximas ao Monte Fuji, testando a paciência de uma sociedade geralmente educada. Polêmicas foram levantadas também em Barcelona, onde os aluguéis são caríssimos para moradores por conta de os imóveis serem destinados, em sua maioria, a turistas. “A mudança que a filosofia trouxe para a indústria foi repensar todo o conceito de viagem e ser mais cuidadosa em todo o processo. Tudo começa com o planejamento: levando em consideração que alguns destinos populares estão experimentando excesso de turismo, procura-se evitá-los, apoiando propriedades familiares ou revendo as práticas de sustentabilidade dos hotéis. E, quando estiver no destino, procure ser flexível, indo a restaurantes na sua vizinhança imediata em vez do que é popular no Instagram”, sugere Bronson.

Fonte: Revista Officiel

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