Cientistas descobrem que música faz bem para os fungos

Vinicius de Araujo
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Microbiologistas descobriram que existem sons que estimulam o crescimento de microrganismos. Segundo estudo publicado esta semana no periódico Biology Letters, tocar som para Trichoderma harzianum, um fungo microscópico verde que defende as raízes das árvores contra patógenos, levou a taxas de crescimento sete vezes mais rápidas do que as de fungos cultivados no silêncio.

Se as descobertas de laboratório puderem ser replicadas na natureza, o som pode ser uma nova ferramenta para melhorar a saúde das florestas, estimulando micróbios benéficos a criar raízes e prosperar.

A pesquisa também mostra que tocar os sons de ecossistemas intactos pode ajudar ambientes danificados a se recuperarem. Na costa de Adelaide, Austrália, por exemplo, cientistas descobriram que os sons gravados de recifes de ostras saudáveis ​​podem atrair novas larvas de ostras para áreas destruídas pela pesca excessiva. O som também parece ajudar algumas bactérias a crescer, disse Jake Robinson, ecologista microbiano da Universidade Flinders na Austrália e coautor do estudo, ao The New York Times.

Para o experimento, os cientistas revestiram grandes banheiras de plástico com espuma à prova de som para criar lugares silenciosos para seus fungos viverem. Depois, eles colocaram placas de Petri com um pouco de T. harzianum nas banheiras. Uma vez por dia, eles tocaram para alguns dos pratos 30 minutos de ruído branco retirado de um vídeo destinado a ajudar pessoas com zumbido - a escolha do vídeo se deu porque ele apresentava sons semelhantes aos usados ​​por outros cientistas que estudavam os efeitos do som em bactérias.

"Para começar, parecia que não estava acontecendo muita coisa", contou Robinson. Os pratos que não foram expostos ao ruído branco e aqueles que foram pareciam quase os mesmos, mas por volta do terceiro dia, os fungos tratados com som começaram a responder. Os esporos de T. harzianum ficaram verdes brilhantes, e os pratos de ruído branco logo se tornaram um musgo verde-escuro. No quinto dia, os pesquisadores calcularam que expor os fungos ao som os fez crescer sete vezes mais rápido e produzir mais de quatro vezes mais esporos.

Questionado sobre o porquê dos efeitos sonoros, Robinson acredita que as ondas sonoras podem estar atingindo receptores nas células fúngicas que são sensíveis à pressão, podendo levar a uma cascata de sinais que ativam genes de crescimento. Segundo ele, os micróbios podem ter evoluído para crescer melhor na presença de som porque o silêncio indica um ambiente hostil, onde nenhum outro organismo conseguiu crescer. Também pode ser que certos tipos de som afastem alguns micróbios, mas emitam uma vibração convidativa para outros.

Segundo o Robinson, os sons poderiam algum dia ser usados em projetos de restauração florestal, a partir da composição correta de micróbios do solo. "Pode ser que você possa criar uma certa paisagem sonora que tenha um efeito revigorante e promotor de crescimento", afirma.

Fonte: Um Só Planeta

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