Famoso e temido: afinal, o que é o Vento Sul de Florianópolis?

Vinicius de Araujo
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Vento Suli, Minuano, Viração e outros nomes são usados para se referir ao mesmo fenômeno meteorológico, o Vento Sul de Florianópolis. Normalmente, ele está associado a uma massa de ar polar e é mais comum no inverno, é parte da cultura sulista, tendo inspirado ditados populares, canções, obras de arte e animações relacionados ao folclore de diferentes estados.

Mas, afinal, o que é o Vento Sul e por que ele é tão falado em Florianópolis? O ND Mais conversou com a técnica em meteorologia do Grupo ND, Camila Levien, para entender o que é este fenômeno.

Se por um lado ele é o terror dos friorentos, por outro, o Vento Sul de Florianópolis é um dos preferidos dos surfistas, devido à agitação das ondas. Ao mesmo tempo, ele pode representar risco para banhistas e pescadores em pequenas embarcações.

“Pela sua intensidade, ele pode trazer riscos porque as rajadas vêm muito intensas. Os pescadores podem até virar o barco, enquanto os surfistas ficam mais felizes porque o mar fica bem agitado”, afirma a técnica em meteorologia.

Vento Sul de Florianópolis é parte do folclore manezinho

Pela influência da comunidade açoriana na capital catarinense, e também em outras regiões do Sul do Brasil, o fenômeno leva o nome de ‘Vento Suli’. No Rio Grande do Sul, o mesmo vento é chamado de Minuano, nome dado em tupi-guarani e que significa Vento Sul.

“Ele está muito associado à presença intensa de sensação gelada, é ele que deixa os dias desagradáveis, aquele vento que corta. O manezinho costuma dizer que vento sul suja, vento sul limpa, porque ele normalmente vem junto com frentes frias. Ele é um sinalizador”, explica Camila Levien.

A frente fria, contudo, não diz respeito apenas à chegada do frio. Ela representa um sistema meteorológico que reúne três acontecimentos. “Primeiro, vem o ar abafado, dias mais quentes. Depois, há uma linha de chuva, que fica na frente da massa de ar frio. Depois, chegam as baixas temperaturas”, detalha Levien.

Intensidade do Vento Sul é maior na região Sul do Brasil

Por estar associado ao ar polar, o Vento Sul tende a ser mais comum durante o inverno e mais intenso no Sul do país, região que está mais próxima da Patagônia, de onde se deslocam a maioria dessas massas de ar. Por ser uma ilha, Florianópolis acaba sofrendo um pouco mais com a incidência desse tipo de vento.

“Nós estamos cercados de água e esse deslocamento das frentes frias, e dos próprios ciclones extratropicais, acabam sendo sentidos de maneiras mais intensas em Florianópolis, pois eles se deslocam pelo oceano”, explica a especialista. Apesar de ter maior recorrência no inverno, o Vento Sul também acontece na primavera.

Segundo a técnica em meteorologia, o que faz o frio acontecer é o ar polar, que vem atrás da frente fria, e a frente fria é a linha de instabilidade que se forma pelo choque dessas duas massas de ar — a quente e a fria — formando uma linha de chuva entre elas.

Representações na cultura sulista

Um dos artistas mais emblemáticos de Florianópolis, Hiedy Assis Corrêa (1926 – 2001), explorou em suas obras, dentre outras temáticas, as transformações urbanas da capital catarinense, cidade onde morou e viveu durante sua vida.

Era um cronista visual da Ilha de Santa Catarina — retratava os mares, a Ponte Hercílio Luz, o folclore, o circo, e até mesmo o vento típico da capital, na pintura “Vento Sul e Chuva” (1957), considerada por muitos sua obra-prima.

Na canção Vento Negro, da dupla gaúcha, Cleiton e Kledir, o Vento Sul aparece no refrão e é chamado de “viração”. “Vento negro campo afora, vai correr. Quem vai embora tem que saber, é viração”. A canção faz referência à chegada repentina do vento, que anuncia a viração, ou mudança repentina no tempo.

Fonte: ND+

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